Afinal, quais são os sintomas da ansiedade?

Falamos sobre um tema que você deve conhecer bem: a ansiedade. Quem não a sente um dia antes de uma prova na faculdade, uma entrevista de emprego ou ao dirigir o primeiro carro?

O Dr. João Luiz Martins é psiquiatra e diretor técnico da Unidade Integrada de Crise e Apoio à Vida – UNIICA, uma unidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, especializada em saúde mental. Em entrevista para o canal da Irmandade no YouTube, ele diz que a ansiedade é uma reação de luta ou fuga. Para assistir essa e mais entrevistas com os profissionais da Irmandade, se inscreva no canal!

“Frente a uma situação de estresse ou nova, com a qual o organismo tem dificuldade em lidar, ele pensa ou em fugir ou em lutar. É igual em uma entrevista: quando ela começa, vem aquele embrulho no estômago, aquela ansiedade: como é que vai ser? Vamos encarar, conversar, falar à vontade”, explica.

Até que ponto isso é normal?

Trata-se de algo natural do nosso corpo, para nos preparar para essas situações adversas. Mas, às vezes, pode virar um problema.

“Vamos pensar assim: quando a pessoa tem um vestibular para fazer no dia seguinte, é natural que na noite anterior ela tenha dificuldade para dormir, ou que acorde algumas vezes ao longo da noite. A partir do momento em que isso começa a se repetir dia após dia e acaba interferindo, por exemplo, na qualidade produtiva ou acadêmica desse indivíduo ao longo do dia, isso se torna um problema, porque passa a afetar o cotidiano”, diz o Dr. João Luiz. “E aí temos que abrir um sinal de alerta e fazer com que a pessoa procure ajuda.”

Principais tipos de ansiedade

Existem vários tipos de ansiedade. Segundo o Dr. João Luiz, hoje em dia, os que mais fazem pessoas buscarem ajuda são: transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de estresse pós-traumático, pânico, fobias sociais e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O médico conta que, desses cinco, os dois que ele mais vê no dia a dia são o TAG e o pânico. Vejamos mais sobre cada um dos tipos.

Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

Uma pessoa com TAG não consegue relaxar, pois se preocupa demais com tudo que está em sua vida e sua rotina: estudos, trabalho, saúde e segurança dos amigos e familiares. Daí aparecem emoções que trazem sintomas físicos e mentais, tais como dores de cabeça e de estômago, falta de disposição e de sono, irritação fácil e tensão muscular.

Transtorno de estresse pós-traumático

O transtorno de estresse pós-traumático está ligado a pesadelos e lembranças ruins de eventos passados. Quem o tem, tende a fugir de situações que tragam memórias desses eventos. Como sinais físicos, pode-se ter coração acelerado, suor em excesso, tontura, dor de cabeça, problemas com o sono, falta de concentração, irritação fácil e sensação de ser observado.

Síndrome do pânico

A síndrome do pânico pode ter várias causas, mas em geral surge de modo inesperado. Além de tontura e coração acelerado, a pessoa pode ter falta de ar, dor no tórax e medo da morte.

Fobia social

Quem tem fobia social sente muito medo de algo que não existe, ou que não faz mal. Pessoas com esse tipo de ansiedade podem ter medo de coisas como palhaços ou animais inofensivos, além de pânico quando está em uma multidão.

Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

Por fim, uma pessoa com TOC tem mania de seguir padrões, como lavar as mãos várias vezes e conferir a posição dos objetos em sua casa. O mais comum é que o paciente tenha consciência de que seu comportamento não é normal, mas não consegue evitá-lo. Torna-se então necessário buscar ajuda profissional, para não aparecerem sinais mais graves.

As causas da ansiedade

Com relação às causas do transtorno, o Dr. João Luiz conta que normalmente há um componente genético e um social. Segundo ele, o fator genético tem ligação com o histórico familiar. “Um pai com depressão ou ansiedade, ou um tio com transtorno do tipo pânico, ou às vezes um avô com problema relacionado ao uso de substâncias”, ele traz como exemplo. “Não necessariamente uma pessoa com depressão vai ter um filho com depressão, mas ele tem alguma chance maior de vir a ter algum transtorno mental por conta desse histórico familiar”, completa.

O médico comenta também as questões sociais. Para ele, há algumas ligadas aos meios em que a pessoa se insere: familiar, profissional, estudantil. “Em casa, um ambiente ruim, difícil e estressante é um dos gatilhos”, diz. Outra situação que ele descreve é a realização de uma prova de vestibular. “Pode ser que a pessoa fique muito ansiosa, siga com esses sintomas depois da prova e acabe procurando ajuda”, explica.

O diagnóstico: ansiedade e saúde física

Como já vimos, a ansiedade costuma trazer alguns sinais físicos, como ritmo acelerado do coração e falta de ar. É comum uma pessoa chegar ao consultório do psiquiatra depois de um exame clínico, como ECG ou raio-X do tórax ou do pulmão, e não encontrar problemas cardíacos ou pulmonares. “Chega então para o profissional já com todos os exames prontos e normais”, diz o médico. “E o psiquiatra vai avaliar qual o tipo de apresentação dos sintomas. Duram o dia inteiro? Têm forte intensidade? Têm normalmente 10, 15 minutos de duração e depois passam? É isso que vai determinar se é TAG, como descrito no primeiro, ou por exemplo pânico, como no segundo”, complementa.

Como evitar?

De acordo com o Dr. João, a principal forma de evitar que a ansiedade vá se repetindo e complique a vida da pessoa é por meio de atividade física. Ele recomenda 1 hora de exercícios por dia, 5 vezes por semana. “Não existe uma atividade melhor do que outra, o importante é que seja feito. Você pode fazer uma caminhada na quadra da sua casa, ou ir até o trabalho caminhando. Essa é uma dica de ouro que precisa ser seguida por toda a população”, comenta. “De preferência a que você mais goste, porque a chance de manter esse hábito a longo prazo é maior.”

Qual profissional devo procurar primeiro?

Antes de qualquer coisa, vamos procurar não confundir o papel da psicologia e o da psiquiatria. Enquanto a primeira enxerga os problemas de que trata sob a visão do paciente e sua formação e experiência, a segunda identifica os transtornos e indica os melhores remédios, se necessário. Podemos então dizer que uma completa a outra. Na UNIICA, você pode encontrar esses profissionais.

Mas qual desses dois profissionais o ansioso deve buscar primeiro? Segundo o Dr. João, normalmente é o psicólogo. “O paciente que em primeiro momento não faz tratamento, pode ter sua ansiedade leve ou moderada atendida em terapia semanal. Vai receber tranquilização em relação a esses sintomas, orientação de como lidar com os sintomas físicos e tende a ter uma vida mais tranquila”, diz ele.

Se o tratamento psicológico não trouxer resultado, deve-se procurar complementá-lo com o psiquiatra. “E aí fazer atendimento com o uso de medicação”, diz o médico.

Curiosidades

Uma pesquisa em Cambridge, Inglaterra, divulgou alguns dados curiosos sobre a ansiedade. Entre eles:

  • Mulheres têm duas vezes mais chance de sofrer do que homens.
  • Pessoas mais jovens, até 35 anos, têm mais risco do que as mais velhas.
  • O risco é maior em quem tem alguma doença crônica, como diabetes ou hipertensão.
  • O vício em jogos e internet é outro fator de risco.
  • Doenças mentais, como transtorno bipolar e esquizofrenia, também aumentam as chances.
  • Mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz têm os maiores índices de TOC.
  • Pessoas LGBT+ que vivem em países ocidentais, sobretudo mulheres, possuem índices acima da média.

Cuide-se. Não tenha medo de buscar ajuda, nem de mudar o que está ruim!

Fontes de referência: Hospital Santa Mônica, Drauzio Varella, Pfizer, Unigranrio, Gazeta do Povo

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Sobre o autor

Comunicação Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba

O setor de Comunicação e Marketing da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba é responsável pela gestão dos canais oficiais das unidades administradas.

Com uma equipe multidisciplinar e especializada, periodicamente publicamos conteúdos de saúde e bem-estar para a população.

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