Médico geriatra da Santa Casa de Curitiba fala sobre como envelhecer de maneira saudável.
Em 1940, a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos. Isso, com o avanço de tantas práticas, inclusive a da medicina, aumentou. Hoje em dia, por exemplo, chegou a 76 anos, de acordo com dados divulgados da última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, apesar do aumento, a longevidade não é sinônimo de vida saudável, segundo o dr. José Mário Tupiná, médico geriatra da Santa Casa de Curitiba.
“O Brasil já é um país velho, segundo os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país não está preparado para esta rápida transição demográfica. Os brasileiros estão ganhando mais anos de vida, porém estão experimentando uma velhice com limitações importantes, fruto de um envelhecimento doentio”, explica.
Apesar de o brasileiro estar vivendo mais, ele ainda não vive da melhor maneira. O envelhecimento saudável, por outro lado, busca uma qualidade de vida para a velhice, com o direito de usufruir da fase mais longa da existência com independência e autonomia. O médico sugere, neste caso, a prática de atividade física, o desenvolvimento intelectual, social e espiritual, para um impacto positivo no envelhecimento. “Viver em paz facilita a manutenção da saúde, isto é, diminui a chance de adoecer e facilita a recuperação no caso de adoecer. E, por último, o sono, tanto na quantidade quanto na qualidade adequada, também representa um fator importante para o envelhecimento saudável”, completa Tupiná.
Em tempos passados, até o escritor Machado de Assis, no século XX, descrevia em suas obras o personagem de 50 anos como um velho. No entanto, isso mudou, mas não há tanto tempo assim. Já que em anos anteriores, muitos médicos ainda indicavam o repouso para os que alcançavam a melhor idade, no Brasil, com 60 anos. Isso tudo mudou, tanto a expectativa de vida, quanto as indicações dos profissionais. Atualmente, a velhice ativa é atrelada ao envelhecimento saudável, que além de oportunizar uma vida mais ativa, também aumenta a inclusão social por meio de atividades exercidas em grupo.
O geriatra ensina que há vários modelos de envelhecimento e, consequentemente, vários modelos de velhice. O envelhecimento é um processo de início impreciso, progressivo, inevitável e inerente à vida. “Para envelhecer basta estar vivo. O importante é viver bem”, destaca. Mantendo o direito de exercer a cidadania, pois o envelhecimento saudável não significa ausência de doença. Mas, sim, boa capacidade funcional. “Doenças sob controle possibilitam boa funcionalidade e, consequentemente, boa expectativa de vida”, conclui.
Como falado anteriormente, exercitar o físico, o mental, o intelectual e o espiritual está diretamente ligado ao envelhecer saudável. Além disso, existem outros fatores que contribuem com uma velhice doente: a genética, o ambiente, o estilo de vida e as doenças já existentes. No fator ambiente, por exemplo, a luminosidade, a umidade e a temperatura influenciam na manutenção da saúde. Bem como, a vida na área urbana difere da vida rural. “Outras escolhas como uso do tabaco, das bebidas alcoólicas também podem influenciar. Além disso, a dieta deve ser variada. A mais colorida possível, rica em fibras, pouca carne vermelha; evitar frituras, condimentos e embutidos. Saber que vive mais quem come menos – vive menos quem come mais”, esclarece o médico. “Nunca é tarde para se investir na saúde, mas quanto antes melhor”, finaliza.
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