Segundo farmacêutica da PUCPR, remédios sem prescrição médica podem mascarar sintomas de dengue, zika e chikungunya, por exemplo.
Com a chegada no inverno, as pessoas ficam doentes com maior frequência e a automedicação, considerada um problema de saúde pública no Brasil, se torna ainda mais recorrente. Para Maria Fernanda Turbay Palodeto, farmacêutica coordenadora da Farmácia da PUCPR, a automedicação não deve ser feita, pois pode trazer consequências negativas ao organismo e à qualidade de vida do usuário. “A automedicação pode agravar doenças, mascarar sintomas importantes para o diagnóstico de doenças graves, interagir com alimentos e outros medicamentos usados pelo paciente, desenvolver resistência à micro-organismos (no caso do uso de antibióticos), causar alergias, dependência e intoxicações”, explica.
Segundo a farmacêutica, evitar a automedicação é fundamental, já que, em alguns casos, ela pode prejudicar a descoberta de doenças como dengue, zika e chikungunya, já existentes no corpo do paciente. “Anti-inflamatórios e analgésicos, principalmente, não devem ser utilizados até que o diagnóstico preciso seja realizado pelo médico. Os sintomas destas doenças são muito parecidos e se o paciente tiver uma dengue hemorrágica, por exemplo, o uso de determinados medicamentos pode levar ao óbito”, comenta. Dados da Fiocruz de 2013 apontam que a automedicação intoxica três pessoas por hora no Brasil, registrando 138.376 intoxicações e 365 mortes causadas por medicamentos entre os anos de 2008 e 2012.
A preocupação também está na utilização incorreta e indiscriminada dos antibióticos, que pode tornar o micro-organismo resistente. “Muitas vezes as pessoas utilizam o antibiótico e depois de um tempo tomam novamente o que sobrou do medicamento”, explica. De acordo com a especialista, o surgimento das chamadas superbactérias, resistentes a quase todo tipo de antibiótico, deve-se a fatores como diminuição das defesas do paciente e, principalmente, a exposição prévia deste indivíduo aos antibióticos, principalmente àqueles mais potentes. “Por isso, usar antibióticos sem necessidade, sem indicação médica e sem orientação do farmacêutico, pode sim contribuir para o desenvolvimento de superbactérias”, alerta.
O hábito de consumir medicamentos indicados por leigos, pessoas que não fazem ideia do risco potencial que qualquer tipo de medicamento traz, também deve ser evitado. “A população, de uma forma geral, é bastante induzida ao consumo do medicamento sem consultar o médico e o farmacêutico. Esses profissionais são fundamentais para auxiliar o paciente, pois conhecem o medicamento e suas ações no organismo”, explica Mônica Cristina Sampaio Majewski, farmacêutica da Universidade. “Eles dispõem de informações valiosas, que podem otimizar o tratamento com orientações sobre melhores horários para utilização da droga, formas corretas de administração, alertas sobre possíveis interações medicamentosas, bem como reações”, sinaliza.
Fazendo a diferença
Para tentar diminuir os números da automedicação, uma equipe da Farmácia da PUCPR fará uma ação de conscientização com pacientes dos ambulatórios do Hospital Universitário Cajuru e da Santa Casa de Curitiba. Entre julho e agosto, a equipe irá auxiliar e ensinar o público dos ambulatórios a usar corretamente as medicações prescritas, promovendo o uso racional de medicamentos. “Verificamos que vários pacientes não atingem o objetivo da terapia prescrita pelo médico por falta de informações sobre o uso dos medicamentos”, explica Maria Fernanda Turbay Palodeto. A ação será realizada a partir das 09h nas segundas no ambulatório do Hospital Universitário Cajuru e no mesmo horário, nas quartas, no ambulatório da Santa Casa de Curitiba.