É possível reverter a hipertensão?

A hipertensão arterial é uma das doenças crônicas mais comuns e perigosas da atualidade, afetando milhões de brasileiros e é uma das principais causas de infarto, AVC e insuficiência renal. Mas uma dúvida recorrente entre os pacientes é: será que é possível reverter a hipertensão?

Segundo o Professor Doutor Francisco Maia da Silva, cardiologista da Santa Casa de Curitiba (CRM-PR 9411), a resposta não é tão simples. “Uma vez rotulado como hipertenso, o tratamento é para a vida toda. Não é como tratar uma gripe ou uma gastrite. É algo contínuo, que exige acompanhamento regular e mudanças permanentes no estilo de vida”, afirma o especialista.

O que é a hipertensão?
A pressão arterial é a força com que o sangue circula pelas artérias. Quando essa pressão está elevada, temos um quadro de hipertensão. “A pressão arterial considerada ideal é de 120 por 80 mmHg. Acima de 140 por 80, já consideramos níveis hipertensivos”, explica o Dr. Francisco. Ele detalha que a pressão sistólica (o número maior) representa o momento de contração do coração, enquanto a diastólica (o número menor) indica o momento de relaxamento entre os batimentos.

Causas e fatores de risco
Além de fatores genéticos, o estilo de vida tem um papel central no desenvolvimento da hipertensão. Obesidade, sedentarismo, estresse, consumo excessivo de sal, álcool e tabagismo estão entre os principais vilões. “O histórico familiar pesa, sim, mas mesmo quem não tem pais hipertensos pode desenvolver a doença ao longo da vida, especialmente se adota hábitos não saudáveis”, alerta o cardiologista.

Sintomas silenciosos
Um dos grandes perigos da hipertensão é que ela muitas vezes não dá sinais. “Há pacientes com dor de cabeça, dor na nuca, formigamentos e até desconforto no peito. Mas muitos não sentem absolutamente nada. E é aí que mora o risco, porque a pressão alta vai silenciosamente afetando o coração, o cérebro e os rins”, ressalta o médico.

Diagnóstico e acompanhamento
A hipertensão deve ser confirmada por, no mínimo, três medições feitas em dias diferentes. O diagnóstico correto é essencial para iniciar o tratamento adequado, que é sempre personalizado. “Não existe um protocolo único para todos. Analisamos os níveis de pressão, os fatores de risco e traçamos uma meta individualizada. Temos uma grande variedade de medicamentos e, para cada paciente, existe uma combinação ideal”, afirma.

Reverter ou controlar?
Embora o termo “reverter” seja desejado por muitos pacientes, o mais correto é falar em controle. “Com mudanças no estilo de vida, como alimentação balanceada, prática regular de exercícios e redução do estresse, é possível reduzir ou até suspender medicamentos. Mas isso não significa que a doença desapareceu. Ela está apenas controlada, e o acompanhamento deve continuar”, explica o Dr. Francisco.

A meta, segundo diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia, da qual o especialista é membro, é manter a pressão de todos os pacientes abaixo de 120 por 80 mmHg, independentemente da idade ou comorbidades.

A importância do acompanhamento médico
Mesmo com a pressão estabilizada, as consultas com o cardiologista devem ser regulares. “Recomendo ao menos uma consulta a cada seis meses. Nelas, avaliamos não só os níveis pressóricos, mas também os efeitos da hipertensão no coração, como o espessamento do músculo cardíaco, o aumento do átrio esquerdo e os riscos de arritmias e insuficiência cardíaca”, explica.

A hipertensão é uma condição que exige vigilância e compromisso. Não há cura no sentido tradicional, mas com o tratamento adequado e hábitos saudáveis, é totalmente possível ter qualidade de vida e evitar complicações.

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