Os procedimentos não eram habilitados até outubro do ano passado.
Nos últimos 30 dias, o Hospital Santa Casa de Curitiba realizou dois procedimentos de transplantes ósseos – também conhecido como enxerto ósseo. A cirurgia não era feita até final do ano passado, quando, em outubro de 2018, a Santa Casa foi habilitada para o procedimento.
O primeiro caso ocorreu com um enxerto no quadril, no dia 29 de abril, em uma mulher de 51 anos. O procedimento, denominado de Artroplastia Total de Quadril (ATQ), foi feito por meio de enxerto picado tipo “crouton”. O médico responsável pelo procedimento foi o ortopedista e cirurgião de quadril, Dr. Guilherme Bello Prestes, na Santa Casa há quatro anos e realizando transplantes ósseos há cinco.
Ele conta que é bastante incomum utilizar o transplante em casos como esse, porém houve a necessidade pelo defeito ósseo que precisava ser reparado. O osso doado é coletado por uma equipe especializada, passa por testes e é armazenado em baixas temperaturas. Às vezes, o osso precisa ser processado, ou seja, moldado de formas diferentes, o que diminui o tempo de cirurgia e evita o desperdício. “É um procedimento bastante seguro”, garante Dr. Bello. “O processo de recuperação é individualizado para cada cirurgia e paciente. Alguns casos o pós-operatório é muito parecido, ou até igual, a casos que não foram utilizados enxertos”, completa.
Já no último dia 6 de maio, uma jovem de 24 anos recebeu o transplante de coluna. Neste caso, foi utilizado um pedaço de osso. O médico responsável pelo enxerto foi o ortopedista e cirurgião de coluna, Dr. Décio de Conti, que é cirurgião desde 1995 e médico na Santa Casa de Curitiba há 10 anos.
Ele explica que a paciente apresentava uma deformidade na coluna lombo-sacra, que é quando a quinta vértebra lombar escorrega para frente em relação ao sacro (osso grande triangular da base da coluna vertebral), causando dores incapacitantes e compressão dos nervos. “Realizamos uma descompressão dos nervos, o reposicionamento da vértebra escorregada, a fixação da coluna com pinos e hastes e colocação de enxerto ósseo para a fusão das vértebras”, esclarece Dr. De Conti.
Nos casos em que há necessidade de transplante de tecido ósseo, os chamados enxertos, ocorrem quando há complicações quando o enxerto ósseo é feito do próprio paciente ou pela necessidade de uma quantidade maior de enxerto, não sendo possível retirar tudo do próprio paciente. “Esse tecido vem de um banco de tecidos humanos especializado”, conta. Esse tecido é preparado para que o receptor aceite sem incidências, infecção ou transmissão de doenças, além de aumentar a chance de cicatrização óssea.
TRANSPLANTE ÓSSEO NA SANTA CASA
O transplante ósseo está ligado ao transplante de tecidos. Entre os tecidos que podem ser doados, quando o doador não está vivo, estão as córneas, as válvulas, os ossos, os músculos, os tendões, a pele, as veias e as artérias. Quando o doador está vivo, ele pode doar parte da medula. Até outubro do ano passado, a Santa Casa de Curitiba não realizava transplantes de tecidos, mais especificamente, os de ossos. Assinada em 10 de outubro, a portaria nº 1.630 autoriza a Santa Casa a retirar e transplantar tecido músculo esquelético. Os dois casos realizados foram encaminhados via Sistema Único de Saúde (SUS).
A Santa Casa já realizava três tipos de transplantes, antes do enxerto ósseo, dois de órgãos e um de tecido, que são de rins, coração e córneas, respectivamente. No Paraná, o hospital é referência em transplantes de coração.