Pesquisa foi realizada pela PUCPR com pacientes da Santa Casa de Curitiba e Hospital Universitário Cajuru.
Pacientes com doenças renais que evoluem com perda de função dos rins são considerados um grupo de risco por necessitarem de tratamento substitutivo da função renal, como a diálise e o transplante de rim. Porém, estudos realizados pelo Grupo de Medicina Renal da PUCPR, liderado pelo médico nefrologista do Hospital Universitário Cajuru, Roberto Pecoits-Filho, apontam para um risco ainda maior destes pacientes terem eventos cardiovasculares antes de perder a função renal. A razão é a presença de fatores de risco adicionais dependentes da função renal que, muitas vezes, não são avaliados nos exames de rotina. As pesquisas foram feitas com pacientes em tratamento nos hospitais Santa Casa de Curitiba e Cajuru.
Os pacientes passaram pelo exame de ecocardiograma que revelou que ¾ deles apresentava disfunções cardíacas, especialmente alterações do relaxamento do coração, que parecem estar relacionadas a uma intensa fibrose do músculo cardíaco. A alteração foi um importante preditor de morte neste grupo de pacientes. A tese de doutorado foi publicada em 2009 nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia e, juntamente com o professor Richard Glassock da Universidade da Califórnia, os pesquisadores sugerem, em um artigo publicado na Clinical Journal of the American Society of Nephrology, que um melhor cuidado com os fatores de risco da doença dos rins pode ter um impacto na redução da mortalidade cardiovascular nestes pacientes.
Os pacientes também apresentaram alterações nas artérias coronárias detectadas no exame de ultrasssom intracoronariano, com a presença de depósitos intensos de cálcio e placas de colesterol mais exuberantes quando comparados a pacientes com doença coronária sem alteração de função renal, apesar de apresentarem um perfil de fatores de risco tradicionais muito semelhante.
Outro estudo seguiu, por dois anos e meio, cerca de 2,2 mil pacientes com anemia em diálise em 104 clínicas do Brasil. O estudo detectou níveis de hemoglobina abaixo do alvo recomendado em cerca de 40% dos pacientes, apesar da disponibilidade das medicações para seu tratamento no sistema de saúde pública. A anemia nos doentes renais é uma conseqüência da deficiência de ferro e da falta de um hormônio produzido pelo rim e leva a uma falta de oxigenação dos tecidos, incluindo o coração.
Vitamina – Outra pesquisa do grupo detectou uma alta prevalência da deficiência da vitamina D. O estudo avaliou 40 pacientes. Destes, 67% possuíam deficiência de vitamina D, que está presente em peixes, ovos e cereais fortificados e pode ser obtida por meio da exposição da pele ao sol. A pesquisa ainda detectou que, entre os pacientes que possuíam déficit da vitamina, a presença de alterações cardíacas era duas vezes maior. Esta pesquisa é um avanço no tratamento da insuficiência renal, já que a carência da vitamina D nunca foi levada em consideração no tratamento da doença.
Os pesquisadores da PUCPR trataram 31 pacientes deficientes em vitamina D com ergocalciferol e, depois de seis meses de tratamento, os pacientes tiveram reduzidos dois marcadores de risco de doenças do coração: a massa do ventrículo esquerdo e os níveis de inflamação. Este trabalho será apresentado no Congresso Mundial de Nefrologia, no dia 10 de abril, em Vancouver. Já o trabalho inicial que definia o risco de doenças cardiovasculares nos deficientes de vitamina D foi aceito para publicação na revista inglesa Nephron Clinical Practice, uma das mais importantes da área.
Legenda: Roberto Pecoits-Filho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia
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