No Dia do Médico, sua trajetória é agora homenageada no Museu da Medicina do Paraná; Maria Falce de Macedo foi a primeira mulher a se formar em Medicina na UFPR. Construiu sua carreira como médica e pesquisadora na Santa Casa de Curitiba
No dia 18 de outubro, a Santa Casa de Curitiba realiza a inauguração da exposição em homenagem à primeira médica do Paraná e professora catedrática do Brasil, Dra. Maria Falce de Macedo. O trabalho foi idealizado pelo projeto de extensão “Meninas e Mulheres na Ciência”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em parceria com o Espaço Cultural Museu da História da Medicina, localizado no hospital. A exposição fará parte do acervo do Museu até o dia 23 de maio de 2023, um dia depois do aniversário de 143 anos da Santa Casa de Curitiba.
O evento ganha ainda mais destaque por acontecer na mesma data em que é comemorado o Dia do Médico no Brasil. Na ocasião, a Santa Casa de Curitiba realizará uma confraternização em homenagem ao seu corpo clínico, composto por 370 médicos que atuam em 37 especialidades. Estiveram presentes o Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Dom Diamantino Prata de Carvalho; a diretora médica corporativa, Dra. Nivia Pereira de Souza; o presidente da Associação Médica do Paraná, Dr. Nerlan Tadeu Gonçalves de Carvalho.
O evento contou com uma Missa em Ação de Graças aos Médicos, uma apresentação especial da Amarias Cultural com o diretor de arte e produtor musical, Thiago Lima, e a cantora Bela. A abertura da exposição contou com a presença do Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFPR, Prof. Dr. Rodrigo Arantes Reis, a Prof. Dr. Camila Silveira, coordenadora do Meninas e Mulheres na Ciência, e o bisneto de Maria Falce de Macedo, Diogo Falce de Macedo.
Após a confraternização do Dia do Médico, os convidados foram direcionados para a cerimônia de inauguração, em primeira mão, da Exposição Maria Falce de Macedo. No acervo, os visitantes poderão conferir objetos, fotos, documentos e depoimentos sobre a trajetória de vida da médica e pesquisadora, a única mulher da turma de Medicina da UFPR de 1914.
Maria Falce de Macedo se tornou um símbolo de emancipação da mulher e de inovação na pesquisa. Por muito tempo, a médica construiu sua história profissional e acadêmica na Santa Casa de Curitiba, onde atuou junto de seu marido, José Pereira de Macedo, e contribuiu na fundação do Laboratório de Análises Clínicas. Assim, o hospital, em parceria com a UFPR, eterniza sua trajetória no acervo do museu.
Conheça a história de Maria Falce de Macedo
Maria Sant’ana Falce nasceu em 15 de janeiro de 1897 em Curitiba. Ela era filha dos imigrantes italianos Philomena Sant’ana e Pedro Falce, donos de uma funerária. O casarão da família Falce ainda existe e fica na esquina da rua Saldanha Marinho com a rua Rosário. Falce teve contato com a morte e as cerimônias fúnebres desde muito cedo, despertando o interesse em estudar o corpo humano.
Em 1911 ela se formou na escola e fez parte do quadro de professores do Jardim de Infância Emília Erichsen. Em 1914, a Universidade Federal do Paraná, fundada apenas dois anos antes, abriu a primeira turma de medicina. Falce, que na época se mudou temporariamente para o Rio de Janeiro, retornou para Curitiba naquele ano para iniciar seus estudos e ganhou especial destaque por ser a única mulher de uma turma.
Em 1915, Falce deu início a uma nova fase da sua vida acadêmica e profissional, tornando-se a acadêmica-auxiliar no projeto de análises da Santa Casa de Curitiba, fundada em 1880. No final de 1919, pouco tempo antes de colar grau, casou-se com seu colega, o médico José Pereira de Macedo, acrescentando ao seu nome o sobrenome do marido. No mesmo ano, Maria Falce tornou-se a primeira mulher a se formar em medicina no Paraná. Na década de 1920, juntamente do marido, fundou o primeiro laboratório de análises clínicas particular do Paraná.
Em 1925, ela assumiu a regência de Farmácia e Química Médica e a direção do laboratório de análises clínicas do Hospital Santa Casa de Curitiba. Em 1928, assumiu o cargo de médica-chefe da seção de bacteriologia, parasitologia e química médica do laboratório de pesquisas e análises do estado. Ainda nesse ano, prestou concurso para a cátedra de química orgânica e biológica na UFPR, obtendo a nota de 9,9 e sendo a primeira mulher a assumir uma cátedra em uma universidade no Brasil. Falce morreu em 24 de abril de 1972, deixando um legado tanto na história da saúde quanto na história da ciência.
Visite o Museu da História da Medicina
O Espaço Cultural Museu da História da Medicina do Paraná conta com um vasto acervo de 3,5 mil objetos divididos em coleção médica, farmacêutica, sacra e históricas. O museu é fruto de uma parceria da Santa Casa de Curitiba, que cedeu o espaço histórico do hospital, com a Associação Médica do Paraná, que contribuiu com o acervo.
No museu, o visitante pode conhecer toda a trajetória pioneira da medicina no Paraná, indissociável do desenvolvimento de Curitiba. Além dos acervos históricos, o Museu ainda dispõe de novas exposições realizadas nos últimos anos. Em 2020, foi lançada a exposição fotográfica “Vivendo a pandemia em ambiente hospitalar”, que conta com registros fotográficos de como a Santa Casa enfrentou a pandemia da Covid-19. Já em 2021, o acervo do museu passou a contar com a exposição “E o sorriso por trás da máscara?”, uma ação desenvolvida pelo hospital para homenagear todos os colaboradores da saúde que trabalharam durante a pandemia.
Os interessados podem visitar o Museu mediante agendamento prévio pelo site, telefone: (41) 3320-3502 ou pelo e-mail: museu@santacasacuritiba.com.br
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